Verena Brandão de Oliveira apresentou diversas
plantas medicinais e comentou suas propriedades e características, bem como o
processo de preparação para uso medicinal. Uma delas é a pimenta de macaco,
como é popularmente conhecida, utilizada na África para o tratamento do
diabetes. Está sendo testada em animais obesos.
Esclareceu que as plantas
medicinais são divididas em três categorias. As exóticas são aquelas que, não
sendo naturais do Brasil, foram para aqui transplantadas e se adaptaram.
Importadas são as que, não existindo em nosso país, são trazidas para comercialização
ou estudos. A terceira categoria é a das
plantas nativas, cujo uso remonta aos naturais da terra.
Entre as exóticas temos a babosa,
a alcachofra, a calêndula e a melissa. Já para as importadas, como a valeriana,
foram citados os locais que as utilizam e os objetivos. Nem todas foram
internalizadas, ou seja, passaram por estudos e aprovação.
A palestrante informou que são
pouquíssimas as plantas nativas que já tiveram seus efeitos comprovados. Nesta
categoria foram citados o barbatimão, a carqueja, a flor do maracujá e o funcho.
O Brasil, apesar da grande biodiversidade, ainda não conhece todas as suas
plantas medicinais. Ela parte de um projeto
que tem, entre suas metas, recuperar as informações sobre plantas que tiveram
uso medicinal no passado, mas que foram esquecidas no decorrer do tempo. Num
segundo momento, o grupo faz divulgação para despertar o interesse nas plantas
e na preservação da natureza. Para isso, realizam eventos em parques e escolas.
Abordando os primeiros estudos
sobre nossas plantas, lembrou que a partir da vinda da Corte Portuguesa, muitos
viajantes estrangeiros aqui estiveram com o objetivo de analisar e descrever
nossa terra. As descrições das plantas, muito minuciosas, representam a origem
do estudo ao qual ela se dedica. Destacou Auguste de Saint Hilaire como um dos
naturalistas que, tendo coletado e catalogado sete delas, levou amostras para a
Europa, as quais estão depositadas em museu francês.
Além de Saint Hilaire, informou que
diversos outros naturalistas percorreram o país, deixando obras literárias ou
científicas que em muito contribuem para os trabalhos realizados na atualidade.
Além disso, os viajantes observaram que os brasileiros não estavam preocupados
com a preservação da natureza, chegando a ser surpreendente que algumas plantas
tenham continuado a florescer no país até nossos dias. Entretanto, suspeita-se
que em pouco tempo a nossa flora nativa estará irremediavelmente perdida. Para
tanto estão contribuindo, além do descaso dos habitantes, a ação predatória das
mineradoras.
Dando prosseguimento, apresentou
alguns desenhos de Saint Hilaire ao lado de imagens atuais de plantas que estão
sendo objeto de investigações, ressaltando que, naquela época, o pensamento dos
naturalistas era de que os médicos deveriam investigar as práticas populares e
incorporar os conhecimentos que fossem comprovados como eficazes.
Em 2009 foi realizada uma
incursão por várias cidades mineiras no entorno da Estrada Real, para divulgar
e distribuir o material que o grupo havia produzido, contendo informações sobre
os estudos realizados. Em 2010 aconteceu o primeiro Encontro de Educadores da
Estrada Real com o mesmo objetivo de divulgar e despertar a consciência
preservacionista.
Encerrando a participação, Verena
declarou que descobrir as plantas medicinais nativas do Brasil e valorizar o
patrimônio natural e a biodiversidade, recuperando informações que atualmente
são de conhecimento apenas dos mais velhos, são necessidades que movem as
atividades do grupo ao qual pertence.