A formação da Colônia Constança


Foram os imigrantes chegados a Leopoldina até vinte anos antes da fundação da Constança, que se constituíram na primeira população daquele núcleo agrícola.

No início, poucos conseguiram comprar os lotes. A maioria formou a população de agregados, citados nos relatórios da Diretoria de Agricultura, Terras e Colonização.

Consta que o núcleo vinha sendo planejado desde 1909 e foi constituído a partir das fazendas Constança, Boa Sorte, Onça (parte) e Puris (parte), adquiridas pelo Estado. Relatório da Diretoria da Agricultura, Terras e Colonização, de 1909, assinado por Guilherme Prates, informa que
"Acha-se situada no districto da cidade de Leopoldina, a quatro kilômetros da estação da estrada de ferro. Fundada em terras das fazendas annexadas e denominadas Constança, Sobradinho, Boa Sorte, Onça e o sítio Puris, que o Estado adquiriu. Tem área de 17.437.500,00 metros quadrados, dividida em 60 lotes, com cerca de 25 hectares cada um e um logradoiro público."

Mas a criação da Colônia ocorreu mesmo em 12.04.1910, através do Decreto Estadual nº 2801.

Para a sua constituição o Governo adquiriu, entre outras, a fazenda Boa Sorte com 122 alqueires, em 02.03.1909, conforme o Annuario Historico Chorographico de Minas Gerais daquele ano. Em julho de 1910 incorporou à Colônia as terras da Fazenda Modelo D. Antonia Augusta e, no ano seguinte, as das fazendas Palmeiras e Santo Antônio do Onça, esta última adquirida da Câmara Municipal, conforme a Gazeta de 30.06.1911.

Por que imigrantes italianos ?

Dois fatores principais contribuíram para a imigração italiana. O primeiro deles estava lá na Itália. Era a miséria que assolava algumas regiões rurais do norte do país, agravada pelas intempéries e pela chegada do capitalismo no meio rural, responsável pela concentração das terras nas mãos de grandes proprietários. Tais problemas acabaram por obrigar a migração para outras regiões ou para a América.

O segundo fator estava do lado de cá do Atlântico. A necessidade, de colonizar o Brasil e, de substituir a mão de obra escrava, levaram o governo brasileiro a incentivar e até financiar a vinda de colonos. E a propaganda, feita na Itália, de que aqui existia terra fértil e barata, foi a chave para o grande fluxo.

Assim, "fazer a América" (fare l’america), como se dizia, virou o sonho daqueles italianos.
Para se ter uma idéia do vulto dessa migração, segundo Thomas Sowell, citado por Rosalina Pinto Moreira, historiadora da cidade de Astolfo Dutra, no seu livro "Imigrantes ....Reverência"(pág. 24), "doze milhões de italianos emigraram, principalmente para as Américas, no maior êxodo de um povo na história moderna".
O espírito reinante na época bem se define na despedida deles da Itália:
"Nós, italianos trabalhadores, alegres partimos para o Brasil, e vós que ficais, ó donos da Itália, trabalhai empunhando a enxada, se quereis comer !"
Uma longa história e muito cara aos imigrantes de Leopoldina.