Estações Ferroviárias

Saber onde se localiza uma estação ferroviária é importante para quem pesquisa a imigração no final do século XIX. Algumas vezes temos recebido consultas de leitores querendo saber quando determinada pessoa foi de um lugar para outro mas achando que cada município contava com apenas uma estação. Um destes casos se refere à estação Campestre que o remetente indica como sendo um município mineiro. Outro acredita que tal ponto da ferrovia estava localizado em Ubá.

Para tentar esclarecer, eis um extrato de notícia publicada no jornal O Mediador, de Leopoldina, na edição número 39 de 09.08.1896, página 1
Após seis annos de trabalho em que sua vontade tenaz e energica a tudo venceu, teve o sr. Coronel Antonio Ignacio Monteiro Galvão de S. Martinho a gloria de vêr inaugurada a Estação do Campestre, no dia 31 do mês passado.
Construída a expensas proprias ella constitue um bello exemplo de patriotismo que oxalá encontre muitos imitadores!
Trata-se da estação do atual povoado de São Martinho, distrito de Providência, município de Leopoldina.

Mudança de Nomes

Assunto recorrente entre os leitores, a formação dos nomes volta a ser motivo de comentários. Agora são descendentes de imigrantes que se mostram revoltados com as modificações, obrigando-os a procurarem advogados para darem andamento ao processo de retificação. Pedimos, antes de mais nada, que voltem seus olhares ao sistema vigente no final do século XIX e busquem compreender que a prática era diferente. Abstemo-nos de criticar tais situações por consideramos que um olhar anacrônico nos afasta da realidade de cada momento.

Como exemplo, apresentamos dois casos extraídos de antigos jornais, mantendo a grafia original.

Anúncio no jornal O Leopoldinense, edição nr. 51 de 07.11.1880, página 3
Cataguazes – Faço sciente ao respeitavel publico, que encontrando neste lugar pessoa de igual nome ao meu, deixo de Assignar-me Antonio Loureiro e Antonio Carvalho, e tomo o nome de Antonio Somoncalho.
No mesmo jornal, edição número 11 de 01.02.1891, página 1
João Felismino Gomes, rezidente no Districto do Tapirussú, declara para os devidos effeitos, que desta dacta em diante passa a assignar-se João Gomes Jardim.
João Gomes Jardim
Testemunhas: Manoel Antonio da Motta Junior, Miguel de Me[?]

O Povo também tem Ancestrais

Uma releitura de História da Vida Privada, na França, trouxe à lembrança dois autores que valorizam as histórias de família como instrumentos de educação e cidadania.

Georg Sand, aclamada escritora francesa do século XIX, em História de Minha Vida conclama as classes populares a seguirem-lhe o exemplo, registrando suas histórias pessoais. Justificou dizendo que "o povo tem ancestrais tanto quanto os reis" e que a transmissão de informações sobre os antepassados seria uma forma de ampliar a visão de mundo das gerações subsequentes.

Já para Condorcet, grande pensador francês do final do século anterior, o aperfeiçoamento humano pode ser alcançado pela educação. Segundo ele, registrar a trajetória da própria família é um momento rico em reflexões e por esta razão defendia que fossem escritas as histórias da massa e não mais apenas das elites.

Estas posições parecem combinar com algumas mensagens que temos recebido dos leitores, a partir do momento em que divulgamos a atualização das genealogias de famílias povoadoras de Leopoldina. Uma delas declara que não imaginava ter raízes tão profundas no município e que não sabia nem mesmo os nomes de seus bisavós. Um outro leitor, que também manifesta satisfação com a descoberta, pede-nos que escreva a história de sua família.

Queremos publicamente dizer a estes leitores, como a todos os outros, que é uma satisfação saber que nosso trabalho foi útil. Entretanto, da mesma forma como utilizamos o levantamento de dados familiares para compreender aspectos variados da vida em Leopoldina, acreditamos que cada um possa se basear na composição de seus grupos para buscar outras informações, contextualizar fatos isolados e reconhecer-se como parte de uma sociedade mais ampla, para além de seus parentes próximos.

Nem todos podem se dedicar à busca de dados para começar a escrever. Contudo, ainda que nosso trabalho não seja tão extensivo quanto gostaríamos, esperamos que as informações básicas que recolhemos e publicamos sirvam de incentivo para que cada um escreva o próprio relato.

Outros Vínculos dos Imigrantes com os Povoadores

Nas famílias de povoadores do antigo Arraial do Feijão Cru encontramos descendentes de imigrantes através de matrimônios realizados com netos ou bisnetos de Joaquim Ferreira Brito. Uma atualização dos estudos sobre esta família pode ser visto a partir do resumo abaixo.