O primeiro Diretor da Colônia


Os trabalhos de preparação da Colônia Agrícola da Constança foram dirigidos pelo italiano Ferdinando Sellani. Uma de suas atividades foi orientar a construção das primeiras casas que abrigariam as famílias dos colonos. Para tanto foi seguido o modelo em uso na Colônia Vargem Grande.

No ano de 1911, o nome deste primeiro diretor aparece como vendedor de umas terras que haviam pertencido à Fazenda Palmeiras, e que o Estado adquiriu para ampliar a Colônia. Isto indica, portanto, que Ferdinando Sellani estava no Brasil há algum tempo e se tornara proprietário rural em Leopoldina. Ainda sobre a família Sellani, sabe-se que em 1910 o lote número 60 foi adquirido por Sante Sellani, cujo grau de parentesco com Ferdinando ainda não está bem definido.

Motivos para abandonar a Colônia

Estudos sobre o sistema de acolhimento dos imigrantes em Minas Gerais no final do século XIX geram não poucas surpresas. Uma delas é a constatação do abandono do lote por famílias que, de outra forma, não teriam acesso à propriedade.

Em outras regiões do Brasil a implantação de colônias levou em conta a religião dos imigrantes. No caso da Constança, embora a maioria dos ocupantes dos primeiros lotes fosse protestante, não havia um pastor para ministrar o serviço religioso. Este fato poderá ter influenciado a decisão de abandono das terras por alguns deles.

Um outro aspecto que pode ter influenciado a saída foi mencionado pelo administrador em relatório para a Secretaria provincial. Dizia ele que os colonos eram assíduos, demonstravam aptidão e boa vontade, mas "devido ao clima desta zona, auxiliado pelas fortes soalheiras, os colonos allemães executam esses trabalhos muito lentamente, não correspondendo o esforço physico ao beneficio alcançado".

População e Equipamentos da Colônia

Em dezembro 1909 o total de moradores da colônia era de 56, sendo 31 do sexo masculino e 25 do feminino. A respeito das famílias assentadas, embora os italianos não tenham sido os pioneiros da Colônia Agrícola da Constança, foram os que a desenvolveram.

Dos 16 colonos assentados no primeiro ano, 7 (sete) a abandonaram, tendo sido inscritos como devedores do Estado. Outros dois abandonaram a Colônia no ano seguinte. O que não sabemos ainda é se os desistentes saíram definitivamente de Leopoldina. Até o momento não nos foi possível encontrar dados sobre as famílias de August Krauger, August Schill, Franz Negedlo, Karl Thier, Bruno Troche, Herman Krause, Franz Schaden, Angelo Bucciol e Demetrio de Lorenzi.

Segundo o Relatório, a 31 de dezembro de 1909 a Colônia contava com "17 casas definitivas para colonos, 11 provisórias, 3 engenhos para fubá, 1 dito de serra, 1 dito de beneficiar café, como motor, 2 predios das antigas fazendas "Constança" e "Onça", 1 roda de ferro movida a agua e 1 carroça velha".

Rancan e Maimeri


Entre os colonos italianos que viveram na Constança, estas duas famílias viajaram no mesmo vapor.

A de Francesco Rancan, nascido em 1843 e casado com Angela Corradini, nascida em 1849 e que desembarcou com os filhos Luigi, nascido em 1874; Carolina, nascida em 1880, em Verona; Angelo, nascido em 1882 e, Maria, nascida em 1886. Desta família sabe-se que a segunda filha, Carolina, casou-se em Leopoldina, em 1911, com Luigi Maimeri, filho de Angelo Maimeri, cuja família chegou ao Brasil pelo mesmo navio. Do casamento de Luigi e Carolina nasceu, em Santa Isabel (Abaíba)-Leopoldina, em 1908, João Batista Maimeri que, em 03.12.1932 veio a se casar, em Leopoldina, com Lourença de Freitas Dias, nascida em 1915, também em Santa Isabel.

A família Maimeiri que viajou no mesmo navio: Ângelo Maimeri, nascido em 1840, foi casado com Maria Rancan cujo nome não aparece na lista de desembarque. Com ele, chegaram apenas os filhos Luigi, nascido a 26.10.1872, em Verona, a quem nos referimos acima; Amalia, nascida em 1878; Santa, nascida em 1880 e, Angela, nascida em 1883.

Ainda nesta viagem do Vapor Colombo encontramos um Alessandro Bedin, nascido em 1866 e uma família Bertoli, talvez parentes de Celeste Bartoli, casada com um outro Alexandre Bedin, nascido em 1889. Assim, fomos recolhendo diversos nomes de imigrantes italianos que viveram em Leopoldina e que nem sempre se instalaram na Colônia Agrícola da Constança.

A Produção da Colônia

Depois de assinarem os contratos de compra dos lotes, os imigrantes puderam ocupá-los com suas famílias e logo começar a produzir. Segundo um Relatório da Diretoria de Terras e Colonização, sobre o primeiro ano de funcionamento

A area cultivada é de 65,5 hectares, a inculta de 1.678 hectares. [...]cultivam-se milho, arroz, feijão, hortaliças e alvores fructiferas, cuja producção não é conhecida, visto não terem sido effectuadas ainda as colheitas.

Além dos colonos, existiam na colôniaos aggregados por meiação, em virtude de contracto com os ex-proprietários das fazendas”. Estes agregados colheram, em 1909, 5 carros e 5 alqueires de milho, 4.617 kilos de café em coco e 1.559 ditos de arroz em palha. Lembramos que alguns destes agregados tornaram-se, algum tempo depois, colonos como os outros, através da assinatura dos relatados contratos de financiamento.

Família Pradal

Diversas vezes encontramos, entre os moradores da Colônia Constança, aqueles que declararam a chegada ao Brasil em 1896. Alguns incluíram, inclusive, a informação de desembarque pelo Vapor Colombo. Outros, como Augusta Pradal, indicaram a data como sendo março daquele ano.

Giovanni Batista Pradal veio para o Brasil com a mulher, Ursula Dalsin e a filha Augusta, nascida a 04.10.1875 em Treviso. Augusta Pradal foi casada com Arthur Togni, nascido a 30.05.1869 em Rovigo, filho de Luigi Togni e Maria Bassi. Augusta e Arthur, são os pais de Euclides Togni, nascido em Valença-RJ e que se casou, em Leopoldina, a 09.10.1932, com Isolina Meneghetti.

Pesquisamos diversas relações de passageiros daquele ano e não encontramos a família Pradal. Porém, na Relação de Viajantes do Vapor Colombo, aportado no Rio de Janeiro em 03.04.1896, encontramos outras famílias que residiram em Leopoldina.