A Localização da Colônia e seus Administradores

De acordo com o Relatório da Diretoria de Agricultura, Terras e Colonização de Minas Gerais - ano 1909, assinado por Guilherme Prates,

"Acha-se situada no districto da cidade de Leopoldina, a quatro kilometros da estação da estrada de ferro. Fundada em terras das fazendas annexadas e denominadas Constança, Sobradinho, Boa Sorte, Onça e o sitio Puris, que o Estado adquiriu, tem a área de 17.437.500,00 metros quadrados, dividida em 60 lotes, com cerca de 25 hectares cada um e um logradoiro publico com a extensão de 1.317.500,00 metros quadrados"


Para administrá-la, o Governo nomeou Guilherme Prates que, segundo a Gazeta de 27.05.1911, permaneceu no cargo até 16.05.1911, quando foi tranferido para a Colônia Santa Maria, em Sobral Pinto/Astolfo Dutra. Da Santa Maria, na mesma data, veio o diretor Félix Schmidt, que administrou a Constança por um curto período, pois a 30.06.1911 veio a falecer.

Assumiu o cargo, a partir daí, Climério Godinho, que exercia a função de ajudante e que, como administrador da Colônia permaneceu até a emancipação e total quitação dos financiamentos dos lotes. Sr. Climério residia na sede da Colônia, que funcionava na antiga fazenda Boa Sorte, hoje de propriedade de João Bonin (Bonini), onde funcionava a escola pública que atendia às famílias dos colonos e que se transformou na atual E. M. Climene Godinho.

Família Colle

Entre os inúmeros italianos que vieram para Leopoldina, a família Colle, que se instalou na Constança no dia 28.12.1910, no lote 12, compunha-se do casal Francesco Colle e Perina Gallazo e seus filhos.


Francesco Colle nasceu por volta de 1868 em Cesarolo, SanMichelle al Tagliamento, Venezia, Veneto, Italia. Casou-se com Pierina Galasso, filha de Pietro Galasso e Aguita Mota, em 15 abril 1894 em San Michelle al Tagliamento. Pierina nasceu em 29 junho 1873 em Latisana, Udine, Friuli Venezia-Giulia, Italia.

Eles tiveram os seguintes filhos: Santina, Marcelina, Regina, Angelo, Antonio José e Francisco João.

Santina Colle nasceu em 17 março 1899 em Cesarolo, SanMichelle al Tagliamento, Venezia, Veneto, Italia. Casou-se com Marino Bronzato, filho de Giuseppe Bronzato e Rosa Ambrosi, em 1927 em Leopoldina, MG. Marino nasceu em junho 1895 em Anghiari, Arezzo, Toscana, Italia. Foram pais de José, Geraldo, Angelina, Luiza, Francisco, Maria Amélia e Osvaldo Bronzato.



Marcelina Colle nasceu em 01 setembro 1901 em Cesarolo, SanMichelle al Tagliamento, Venezia, Veneto, Italia. Casou-se com Jacinto Bonini, filho de Fortunato Bonini e Maria Darglia, em 12 maio 1917 em Leopoldina, MG. Jacinto nasceu por volta de 1889 em Orleans, SC. Foram pais de João, José, Anna, Francisco, Fortunato, Sebastião, Climário e Nelson Bonini.


Regina Colle nasceu em 03 junho 1904 em Cesarolo, SanMichelle al Tagliamento, Venezia, Veneto, Italia. Casou-se com José Gallito, filho de Giovanni Gallito e Elisa Borella, em 02 fevereiro 1921 em Leopoldina, MG. José nasceu em 09 dezembro 1897.


Angelo Colle nasceu em 11 fevereiro 1907 em Cesarolo, SanMichelle al Tagliamento, Venezia, Veneto, Italia. Casou-se com Ana Sangirolami, filha de Pietro Sangirolami e Paschoa Bonini. Ana nasceu em 12 janeiro 1913 em Leopoldina, MG. Foram pais de José, Marina, Maria e Nelsina Colle.


Francisco João Colle nasceu em 03 abril 1918 em Leopoldina, MG. Foi pai de Jairo, Jair, Juraci, João, Juarez e Jurandir Colle.

Da terceira geração de Francesco Colle e Pierina Galasso temos notícias dos seguintes:

- filhos de Jairo (Jairo Júnior, Daniela e Alexandre Lima Colle)

- filha de Jair (Janete Farinazzo Colle)

- filhos de Juraci (Hilario e Hideraldo)

- filhas de Juarez (Conceição Aparecida e Cláudia Furtado Colle)

- filhos de Jurandir (Wellington e Washington Gonçalves Colle)

Lembramos que foi necessário unificar a grafia dos nomes e sobrenomes para facilitar a indexação no banco de dados. Optamos, sempre, pela ortografia do mais antigo documento. Portanto, os descendentes atuais podem não utilizar estas formas.

Lembramos ainda que as informações da Itália foram obtidas junto ao Archivio di Stato de San Michele al Tagliamento. Consultamos também os processos de Registro de Estrangeiros de Santina, Marcelina e Angelo, encontrados no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro.



A Ocupação dos Lotes

Inicialmente foram demarcados 60 lotes. No ano seguinte contavam-se 65 e, em 1911, com a aquisição da fazenda Palmeiras, o número aumentou para 68. Esses lotes, devidamente cercados e com uma casa de morada coberta de telhas, foram vendidos principalmente aos imigrantes que ali passaram a cultivar toda sorte de produtos, a maioria deles para serem vendidos na cidade ou na "venda de secos e molhados" do Sr. Augusto Timbiras, que ficava na entrada do Bairro Boa Sorte e que se transformou num verdadeiro entreposto comercial para uma vasta regão.

Sabemos que entre novembro e dezembro de 1909, com 15 lotes preparados, foram instaladas na Constança onze famílias de colonos, sendo 8 alemãs (38 pessoas), 1 austríaca (7 pessoas), 1 portuguesa (3 pessoas) e 1 brasileira (8 pessoas).

A Gazeta de 17.04.1910 informa que no mesmo mês da criação da Colônia foram deferidos os pedidos de lotes dos colonos Frederich Zessin, Augusto Kraucher, Karl Thiers, Franz Havier, Augusto Schill, João Gerhim. Hermann Richter. Bruno Trache, Hermann Kunse e Erust Lang. Informa ainda que o lote 41 foi cedido a Augusto Mesquita; que João Carminatti pretendia os de números 58 e 59 e que o lote 64 havia sido adquirido por Manoel Gomes Pardal. Pelo jornal de 19.06.10 sabe-se que na Colônia também residiam o austríaco Franz Negedlo e seus vizinhos Guilherme e Fritz Zessin.

Entretanto, quando se fala na Colônia Constança, lembramo-nos logo dos italianos que constituíram o núcleo mais ativo e permanente da colônia e está a merecer um estudo mais aprofundado sobre os seus hábitos e forma vida. Foi um núcleo tão importante que fez a cidade contar, em 1911, com um Agente Consular Italiano, o Sr. Angelo Maciello, representante de Sua Majestade Victorio Emmanuelle III, Rei da Itália naquela época.

Recuperar a História da Colônia

Em artigo publicado na Gazeta de Leopoldina de 23.10.1999, tentamos levar ao conhecimento dos leitores um pouco da história da Colônia Constança e da sua parte que forma hoje o Bairro Boa Sorte. O objetivo era relembrar a importância da Colonização Italiana e o grande exemplo deixado por esta iniciativa de distribuição de terras.

A Colônia Constança foi o núcleo que acolheu o maior número de imigrantes na cidade, mas a chegada dos primeiros imigrantes ao município é bem anterior. O Jornal O Leopoldinense, de 1881, se referia a 109 imigrantes espanhóis que o Dr. Domiciano Ferreira Monteiro de Castro fizera embarcar da Corte para a Fazenda do Socorro, de propriedade do seu irmão Tenente Vicente Ferreira Monteiro de Barros.

O Decreto Estadual nº 2801, de 12.04.1910, que criou a Colônia Agrícola da Constança, foi fruto de parte de um acordo anterior, firmado pelo governo com as Empresas Ferroviárias, onde se previa o apoio à criação de núcleos produtivos nas proximidades das Estradas de Ferro. Respaldando este Decreto existia a Lei 438, de 1906, que autorizava o governo do Estado a criar colônias para o assentamento de imigrantes, concedendo a cada colono um lote que a Lei 2027. de 08.06.1907 definiu como sendo de três hectares de terras.

A Constança vinha sendo planejada desde o ano anterior à criação e foi constituída inicialmente a partir das fazendas Constança, Boa Sorte, Onça (parte) e Puris (parte), adquiridas pelo Estado. A fazenda Boa Sorte, por exemplo, com 122 alqueires, foi adquirida em 02.03.1909, conforme nos informa o Annuario Historico Chorographico de Minas Gerais daquele ano. Em julho de 1910 o Governo incorporou à Colônia as terras da Fazenda Modelo D. Antonia Augusta e, no ano seguinte, as que formavam a fazenda Palmeiras e a fazenda Santo Antonio do Onça, esta última adquirida da Câmara Municipal, conforme a Gazeta de 30,06.1911. Mais tarde, outras terras foram anexadas.

Criação da Colônia Agrícola da Constança

DECRETO N. 280 DE 12 DE ABRIL DE 1910
Crea uma colonia agricola no districto da cidade de Leopoldina, com a denominação de Colonia Agricola da Constança.O Presidente do Estado de Minas Geraes, usando da attribuição que lhe confere o artigo 57 da Constituição Mineira e na conformidade do disposto no artigo I parágrafo I da Lei n. 438 de 24 de setembro de 1906, resolve crear uma colonia agricola no districto da cidade de Leopoldina, com a denominação de "Colonia Agricola da Constança".
Palacio da Presidencia do Estado de Minas Geraes, em Bello Horizonte, 12 de abril de 1910.
WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES
Estevão Leite de Magalhães Pinto

Formulário de Contato

Este formulário é para os visitantes que prefiram enviar mensagens.