Club da Lavoura


Leopoldina, MG



Posted: 28 Mar 2012 01:04 PM PDT
As associações assim denominadas reuniam os lavradores dos distritos com o objetivo de promover a agricultura e o comércio, seguindo orientações do Club Central da Lavoura e Commercio do Rio de Janeiro. Tratava-se, portanto, de um órgão regulador das atividades de produção e escoamento, exercendo um certo poder de pressão sobre o poder público. Foram os Clubes da Lavoura que organizaram, por exemplo, o processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo braço imigrante. Como exemplo, remetemos o leitor ao endereço  onde pode ser lida uma das atas da associação de Angustura.
No ano de 1884 o Club da Lavoura de Conceição da Boa Vista era presidido pelo Barão de Avelar Rezende, tendo como secretário o Padre Modesto Theophilo Alves Ribeiro e sendo membros da Comissão Permanente os fazendeiros Manoel Barbosa da Fonseca, Francisco Ferreira (Brito) Netto, Manoel Lobato Galvão de São Martinho, Doutor Lucas Matheus Monteiro de Castro, João Evangelista Teixeira de Barros e Valeriano Coelho dos Santos Monteiro.
Em geral um Club da Lavoura distrital nomeava um procurador para representá-lo nas reuniãos do Club Central. Neste cargo surge, então, um outro nome que faz parte da história do distrito: Domingos de Andrade Filgueira representou Conceição da Boa Vista no ano de 1884.  Morador da Corte, acreditamos que enviava suas comunicações através da Mala Postal da Estrada de Ferro da Leopoldina.

Associações de Moradores


Leopoldina, MG



Posted: 27 Mar 2012 09:00 AM PDT
A urbanização do Arraial Novo aconteceu sob o influxo do poder imperial, quando não havia ainda a separação entre Estado e Igreja. Desta forma, as associações de moradores registravam seus estatutos e atas em livros paroquiais a este fim destinados. Além deles, os livros dos Cartório de Notas esclarecem um pouco sobre as atividades destes grupos de moradores que se encarregavam dos procedimentos necessários ao franco desenrolar da vida civil.No post anterior citamos a Comissão encarregada pela construção do Cemitério Público em Conceição da Boa Vista. Faltou informar que seus membros faziam parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Conceição da Boa Vista, cujo procurador de 1884 era o paroquiano Antônio Caetano de Almeida. Naquele ano, a Irmandade tinha a receber o aporte financeiro de 3 contos 953 mil réis, legado testamentário do capitão Jacintho Manoel Monteiro de Castro para a Igreja e o Cemitério da Paróquia da Conceição da Boa Vista. Para atuar como interveniente credor no inventário, a Irmandade nomeou o advogado Theophilo Domingos Alves Ribeiro, conforme procuração datada de 23 de julho de 1884, registrada no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista.
Lembramos que as Irmandades surgiram na Idade Média, na Europa. Compostas por leigos, além da difusão religiosa encarregavam-se também da assitência econômica de seus integrantes e tomavam as providências necessárias por ocasião da morte. Vale dizer: missa de corpo presente, acompanhamento do enterro, sepultamento em local digno e demais rituais. Segundo o Dicionário do Brasil Colonial, organizado por Ronaldo Vainfas, em Minas "as irmandades revelaram-se de especial importância para dinamizar a vida religiosa", especialmente por conta da "precária implantação da rede de paróquias" e porque não foram autorizadas as ordens regulares. Sugerimos aos interessados, além da obra citada, artigo As Irmandades Religiosas, de Cristiano Catarin, no site Historianet http://www.historianet.com.br

Memória da Cidade na Internet


Leopoldina, MG



Posted: 26 Mar 2012 06:36 AM PDT
Em outubro de 2006 participamos de um Seminário, em Barbacena, no qual conhecemos pessoas que desenvolvem um projeto de preservação e valorização da história de vida dos moradores de São João del Rei. Naquela oportunidade soubemos que o objetivo é sensibilizar a comunidade para o resgate histórico, valorizando o passado através das histórias individuais. À semelhança do Museu da Pessoa, (http://www.museudapessoa.com.br/), e com o apoio da Universidade Federal de São João del Rei, entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas como forma de trazer, das experiências e vivências das pessoas, aspectos da memória do grupo social onde elas se inserem.
 Temos também notícia sobre evento de natureza semelhante. Alunos do Ensino Médio entrevistaram diversos moradores de uma pequena localidade do interior do Paraná e organizaram um painel com as partes mais expressivas dos depoimentos colhidos. O objetivo é sempre o mesmo: conhecer as versões sobre o passado de grupos que ficam à margem da história oficial. Essas memórias não eram, até aqui, registradas em algum suporte passível de ser consultado por outras pessoas. Assim, são guardadas no interior das famílias que ainda praticam o belo hábito de narrar suas histórias de vida.
As mudanças na rotina diária já não permitem que os avós conversem amiúde com os netos, nem tampouco que os pais e mães dediquem algum tempo a contar suas histórias para os próprios filhos. Quanto atingem a idade adulta, muitos se ressentem de nada saberem sobre suas famílias. Alguns passam, então, a dedicar todo o tempo livre no resgate possível.  Uma dessas pessoas mandou mensagem perguntando sobre um antigo morador de Recreio.
O visitante pergunta por memórias da cidade de Recreio disponíveis para pesquisa à distância. Está interessado na trajetória de Serafim Teixeira da Luz, provavelmente o mesmo personagem citado no post de 21 de janeiro de 2007 como um dos negociantes a quem foi aforado um terreno da Fazenda das Laranjeiras, em 1885.  Seria, segundo apurou em documentos do início do século XX,  o mesmo Serafim Coimbra citado como proprietário do Hotel Recreio no post de 20 de março.
A este visitante, assim como a todos que nos pedem notícias de Recreio no século XX, indicamos o site http://www.usinadeletras.com.br para leitura dos ótimos textos de Pedro Wilson Carrano de Albuquerque. Enquanto isso, continuaremos a trazer para cá os poucos informes que temos tido oportunidade de encontrar.

Cemitério Público


Leopoldina, MG



Posted: 25 Mar 2012 08:33 AM PDT
Sabemos que em tempos remotos os sepultamentos das pessoas de maior poder aquisitivo eram realizados dentro da Igreja. Quanto aos menos aquinhoados, seus túmulos se localizavam no exterior, geralmente em área contígua ao templo. Na segunda metade do século XIX, porém, a preocupação com a saúde pública fez com que fossem proibidos os enterramentos dentro das igrejas.
No período que estamos estudando, com vistas a recuperar informes sobre o nascimento do distrito e depois município de Recreio, a Paróquia de Conceição da Boa Vista encontrava-se às voltas com a construção de seu cemitério, de forma a cumprir a determinação que proibia sepultamentos em seu interior. A comissão encarregada das obras era composta pelo Padre Modesto Theophilo Alves Ribeiro e pelos paroquianos Francisco Ferreira (Brito) Neto e Antônio Cardoso de Almeida. A Diretoria de Fazenda da Província de Minas Gerais, em conformidade com a Lei nº 2892 de 6 de novembro de 1882, contribuiu com 1 conto de réis em benefício das obras do Cemitério Público. Para receber esta quantia, a comissão nomeou, no dia 27 de julho de 1883, um procurador: Antonio de Santa Cecília.
Resta-nos uma lacuna importante sobre este assunto: quando foi construído o cemitério do distrito de Recreio? Sabemos que alguns moradores do então Arraial Novo, falecidos na década de 1880, foram levados a sepultamento em Conceição da Boa Vista. Sabemos também que a secularização dos cemitérios só foi estabelecida através do Decreto nº 789 de 27 de setembro de 1890. Portanto, no momento em que se iniciava a urbanização de Recreio, o serviço estava a cargo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista.
Infelizmente ainda não encontramos documentos sobre a doação do terreno onde foi erguida a Capela do Menino Deus, filial erguida em terrenos dos Ferreira Brito nas proximidades da estação ferroviária. Pode ser que a história desta Capela esclareça também os fatos sobre a abertura do cemitério. Naquela época a freguesia estava subordinada ao Bispado do Rio de Janeiro, tendo sido transferida para Mariana apenas em 1897.Não sabemos onde se encontram os registros dos atos realizados até então.

Imaginar o Passado


Leopoldina, MG



Posted: 23 Mar 2012 11:57 AM PDT

Atualmente os meios de comunicação permitem encontrar, rapidamente, as informações que nos interessam. E no burburinho cotidiano vamos observando que as novas tecnologias começam a abrir espaço para um novo olhar sobre o passado, não se restringindo a outros usos que delas fazem este ou aquele público. Referimo-nos, especificamente, a mensagens de jovens leitores deste blog que trazem o testemunho de estupefação diante do que aqui tem sido escrito. A surpresa que manifestam está vinculada, no mais das vezes, a uma visão estereotipada do que tenha sido a região onde seus antepassados viveram. E nos perguntam se vamos publicar um livro para recontar a história.
Não existe, a priori, a idéia de publicar um livro. Até porque, se olharmos o livro como suporte de textos, podemos dizer que este blog também o é. Muda apenas a maneira de fazer chegar a informação ao leitor.Mas o que nos leva a descartar a idéia do livro, em papel, é a intenção de submeter nossas observações aos leitores e poder reescrevê-las sempre que necessário. O livro impresso limitaria este objetivo a uma data de fechamento. O que nos parece mais adequado, no momento, é continuar postando comentários e esporadicamente montar um texto índice dos temas tratados, ampliando as funcionalidades que o blog oferece.
Outro aspecto que afasta a idéia de um livro de história é pensar nele como um conjunto coerente de textos sobre determinado assunto. A nosso ver, seria outra limitação. Afinal, acreditamos que história e memória são formas narrativas que trazem o fato acontecido para o presente, permitindo que o leitor reelabore o acontecido através de sua própria imaginação. Desta forma, cada leitor interpreta o texto de acordo com sua própria visão de mundo, visão que se forma na medida em que cada um se insere na cultura, no seu meio social. Se nos dispusérmos a escrever um livro de história, certamente estaremos enfeixando num volume a nossa percepção dos fatos. Entretanto, nosso objetivo atual não é divulgar nossa posição, mas colaborar para que outros tenham acesso às mesmas informações que recolhemos ao longo da nossa trajetória de pesquisas.
 Convidamos o leitor interessado a visitar o endereço http://nuevomundo.revues.org/document1499.html onde se encontra um texto de  Sandra Jatahy Pesavento denominado "Palavras para crer. Imaginários de sentido que falam do passado". Nele a autora ressalta que "aquilo que se rememora e que se presentifica no discurso histórico e no discurso memorialístico pertence a um tempo físico já escoado e irreversível". O que nós pretendemos, ao publicar extratos de documentos, é permitir que nossos leitores construam seus próprios discursos sobre este tempo escoado, reinterpretando os fatos através da imaginação assim despertada. Já se vai longe o tempo em que os estudantes viam a história como uma "disciplina chata", cheia de datas e nomes que precisavam decorar para a prova. Não, não é esta a história que nos atrai. Antes, pelo contrário, queremos é um espaço de reflexão, uma fonte para despertar nosso imaginário e nos permitir reconstruir o mencionado tempo escoado. Em seguida, partindo dele, teremos descoberto um novo olhar sobre o presente que nos envolve.

O Direito ao Passado


Leopoldina, MG



Posted: 22 Mar 2012 09:10 AM PDT
A leitura de um artigo de Maria Célia Paoli, disponível em http://www.fae.ufmg.br/labepeh/PREFEITURA/memoriahistoria.pdf, suscitou uma série de reflexões sobre o que está sendo feito pela construção da cidadania em nossos espaços educativos, seja nas escolas ou nas demais instituições. Com o título "Memória, História e Cidadania: o direito ao passado", logo no início a autora diz que,
"quando se fala em patrimônio histórico, pensa-se quase sempre em uma imagem congelada do passado. Um passado paralisado em museus cheios de objetos que ali estão para atestar que há uma herança coletiva – cuja função social parece suspeita. Monumentos arquitetônicos e obras de arte espalhadas pela cidade, cuja visibilidade se achata no meio da paisagem urbana, Documentos e material historiográfico que parecem interessar somente a exóticos pesquisadores."
Por conta desta visão parcial, que não percebe o homem construindo e reconstruindo o espaço, muitas vezes nos sentimos meio deslocados quando sugerimos uma atividade de resgate cultural em nossas pequenas cidades. Quantas vezes recebemos, como resposta, um olhar de descrédito e palavras desestimulantes, geralmente repetindo velhas fórmulas sobre o desinteresse dos moradores?
Por isto as palavras de Paoli se revestem de um significado especial. Neste artigo ela ressalta que as posições antagônicas, como pensar que tudo deve ser conservado em contraposição aos que defendem a substituição pelo moderno, indica um modo de pensar a história de forma totalmente abstrata. Segundo a autora,
"Isto aponta claramente para uma sociedade destituída de cidadania, em seu sentido pleno, se por esta palavra entendermos a formação, informação e participação múltiplas na construção da cultura, da política, de um espaço e de um tempo coletivos."
O que nós, os "exóticos pesquisadores" queremos, é manter abertas outras portas que permitam ao cidadão repensar sua posição no mundo, fazer escolhas, ser informado e participar da construção de seu próprio tempo.
Este nosso comentário objetiva manifestar a grande satisfação com a notícia de que o poder público de Recreio está empenhado em ampliar a agenda da Exposição Agro-Pecuária de 2007. Durante o evento, será realizada uma exposição fotográfica, com a curadoria de Pedro Dorigo, constando de imagens da cidade e de muitos dos personagens que construíram a história de Recreio.

Atos Públicos


Leopoldina, MG



Posted: 21 Mar 2012 04:35 AM PDT
A distância no tempo pode levar-nos a interrogações curiosas. Uma delas: onde eram realizadas as eleições, já que não havia prédio público em Recreio?
Em primeiro lugar cabe ressaltar que no século XIX as eleições eram realizadas, na maioria das vezes, na Igreja. A designação do local era feita pela Presidência da Província. Quando algum motivo impedisse o uso do espaço da Igreja, era então determinado um outro local. É o que podemos observar no seguinte trecho do Relatório da Presidência da Província de 13 de abril de 1886, página 21:
"Achando-se em obras a casa do cidadão Ignacio Ferreira Brito, anteriormente designada para n'ella celebrarem-se os actos eleitoraes da parochia da Conceição da Boa Vista, designei, a 28 de outubro, o predio do Exm. Barão de Avellar Resende para aquelle fim, tendo em vista a informação da camara municipal da Leopoldina, datada de 23 de setembro, e o art. 94 do decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881"
Importante lembrar que o título de Barão de Avelar Rezende foi concedido a 9 de setembro de 1882 a Quirino de Avelar Monteiro de Rezende. Parece-nos que é o mesmo personagem conhecido por Quirino Ribeiro Monteiro de Rezende, cujo casamento havia sido celebrado na Matriz de Conceição da Boa Vista em 1862. A família deste titular do império estava radicada no distrito desde 1838, onde formou a Fazenda Saudade que passou a pertencer ao distrito de Santa Isabel (Abaíba), criado em 1890.

Antigos Hotéis de Recreio, MG


Leopoldina, MG



Posted: 20 Mar 2012 06:27 AM PDT
No post publicado no dia 1º de janeiro de 2007, informamos que o Arraial Novo contava com dois locais de hospedagem, conforme se depreende da análise do livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista 1884-1885, folhas 124 a 127. Comentando tal informação, escreve Pedro Dorigo:
“Quando criança, lembro-me de dois hotéis, em Recreio: Hotel Pinho, de propriedade (ou arrendamento) de Sebastião (Zim) Teixeira de Castro [filho de José Teixeira de Castro e Francisca de Almeida]; Hotel Recreio, do Sr. José Moreira. Mas é claro que houve outros proprietários. Sei que o Hotel Recreio, talvez nas primeiras décadas de 1900, pertenceu ou foi arrendado por Serafim Coimbra e que o Hotel Pinho pertenceu à mesma família proprietária do Bazar Pinho [antigo Empório Tomasco], pais de Guilhermino Martins.”
Aproveitamos este comentário para lembrar que, com o novo destino dado a uma parte da Fazenda Laranjeiras, foi necessário atender a demandas específicas do espaço urbano. Entre elas, locais de hospedagem e um comércio mais diversificado como o representado pelo Empório Tomasco, depois Bazar Pinho, abaixo em fotografias que farão parte de uma exposição programada para julho deste ano de 2007.
Esta fotografia foi tomada, provavelmente, na primeira década do século XX. A localização do prédio é a esquina diagonal oposta à do extinto casarão dos Melido.
Nesta outra imagem a casa comercial já está com o nome Bazar Pinho. A data no alto do prédio, pouco abaixo do telhado, é 1912 ou 1914. Atualmente o prédio pertence a Arcelino de Oliveira Simão (genrod e Guilhermino Martins, antigo proprietário, e filho de Américo Simão),cuja praça, em frente, leva o nome de seu pai.

Capítulos da História de Recreio


Leopoldina, MG



Posted: 19 Mar 2012 10:00 AM PDT
Ao serem publicadas as informações sobre os primeiros aforamentos, nosso parceiro Pedro Dorigo lembrou-se das versões que vem recolhendo entre os moradores mais antigos de Recreio. Segundo Astor Antonio Diehl, em seu livro Do Método Histórico, “o pensar histórico terá plausibilidade [...] se for baseado no princípio da fundamentação argumentativa” (p.23) É a este pensar histórico que nos propomos, ao avaliarmos os documentos do passado à luz de outras fontes. É o mesmo Diehl quem nos ensina que um dos passos da metodologia da pesquisa histórica é a interpretação, momento em que são “analisadas as informações levantadas sobre as experiências do passado através da crítica das fontes” (2001, p. 25).
Esclarecendo um pouco mais a nossa base teórica, remontamos a Hebe Castro que, no artigo História Social publicado em Domínios da História (organização de Ciro Cardoso e Ronaldo Vainfas) lembra que “as vivências históricas individuais, passíveis de serem parcialmente reconstituídas, [constituem] um nível privilegiado de observação para rever e formular novos problemas à explicação histórica”(1997, p.53)
Assim é que transcrevemos o comentário de Pedro Dorigo, com o objetivo de abrir um novo olhar sobre informações de fonte oral que enriquecem a pesquisa que estamos realizando sobre a história de Recreio.
"Há muito venho ouvindo uma versão oral sobre a existência de uma Estação Recreio anterior à atual. Se houve, parece que se localizaria no  “Triângulo”. Presumo isso a partir das informações sobre a  localização dos primeiros aforamentos. Veja aqueles cujos limites ao fundo  se referem à Estrada de Ferro Alto-Muriaé. Se a Estrada de Ferro Alto-Muriaé  e a Estrada de Ferro Leopoldina, desde as respectivas inaugurações, nunca  mudaram os seus traçados originais, a única parte da cidade em que há ou  havia uma rua com casas de frente para a Estrada Ferro Leopoldina e fundos  para a Estrada de Ferro Alto-Muriaé é exatamente a região do “Triângulo”,  conforme demonstro no meu tosco desenho e numa combinação de fotografias  aéreas atuais. Neste local há ainda muitas moradias bastante  antigas e, pelo que conheço, é certamente um dos locais mais antigos da  cidade, quiçá o mais antigo. É provável, neste caso, que a segunda estação  tenha sido construida um pouco mais para trás, visando atender as duas linhas."
Posted: 18 Mar 2012 01:34 PM PDT
Artigo de José Carlos da Silva Cardozo publicado na Revista História Social nr. 20, 2011
Resumo
Muitas são as histórias que chegaram ao conhecimento da Justiça em que doenças, maus-tratos, incapacidade dos pais e, até mesmo, a morte dos progenitores provocavam a dissolução familiar. Para essas famílias, que possuíssem menores como seus integrantes, havia o Juízo dos Órfãos, instituição que zelava pelo direito e deveres para com essas crianças e que cuidava para que os menores que, porventura, passassem pela situação de desagregação familiar, recebessem um adulto legalmente constituído como responsável – um tutor. Contudo, a situação de tutelado estava longe de trazer plena segurança e tranquilidade para muitos menores que, constantemente, corriam o risco de entrarem em circulação por algum problema advindo a seu tutor.
Leia o texto completo:
O Juízo dos Órfãos e a organização da família por meio da tutela | Cardozo | História Social – Revista dos pós-graduandos em História da Unicamp.
Posted: 18 Mar 2012 12:02 PM PDT
Escreve-nos Alcindo Pereira, do Mato Grosso, contando que freqüentou a cidade de Recreio na adolescência, mais especificamente o distrito de Conceição da Boa Vista. Menciona a igreja católica local, cuja imponência encantava moradores e visitantes do lugar. Pergunta sobre a conservação do espaço público e relata que ouvia os moradores locais dizerem que o distrito fora abandonado quando os Ferreira Brito resolveram mudar a sede para mais perto de sua fazenda.
Não temos informações abrangentes para comentar o assunto. Entretanto, lembrando que nossos estudos são concentrados no século XIX, e portanto não abrangem a história recente de Recreio, podemos informar que continuaram sendo realizadas obras públicas no distrito de Conceição da Boa Vista nos primeiros anos do então Arraial Novo, depois distrito de Recreio. Nos livros de Atas da Câmara Municipal de Leopoldina observamos que houve algum cuidado em atender a população local, sempre que um requerimento de melhorias chegava àquela Casa.
Citamos, por exemplo, o pedido de obras no Largo de Santo Antônio encaminhado à Câmara Municipal de Leopoldina por Francisco Ferreira Brito. O serviço foi realizado pelo Alferes Manoel Maria de Gouvea, constando de um aterro no logradouro. Pela obra a Câmara Municipal de Leopoldina pagou a quantia de 1 conto e 500 mil réis, havendo menção à liquidação no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista de 1883-84, folhas 123 e verso, com data de 3 de julho de 1884.

Inauguração das Estações da Leopoldina na região de Recreio, MG


Leopoldina, MG



Posted: 17 Mar 2012 01:44 PM PDT
Alguns estudiosos das ferrovias brasileiras costumam alertar sobre a impossibilidade de determinar a data correta em que muitas estações começaram a operar. Tal ocorre porque, em diversos casos, a inauguração festiva ocorreu algum tempo depois do início das operações, em função de adequação da agenda da autoridade convidada para o evento. Em outros casos, outros foram os óbices.. A estrada ficou pronta, a estação devidamente aparatada para receber cargas e passageiros mas as composições só chegaram muito tempo depois. Algumas vezes a inauguração oficial pode ter ocorrido mesmo assim, sendo a linha utilizada apenas no dia da festa, com a comitiva transportada por um vagão especial que jamais tornaria a passar por ali. Enfim, são muitas as possibilidades e não caberia, neste espaço, discuti-las.
Nosso interesse, ao buscarmos as datas, é apenas fixar o período aproximado em que a paisagem de determinado local passou a sofrer as alterações advindas do novo meio de transporte. Muito embora nem todos os autores concordem, há os que afirmam que a abertura da Estrada de Ferro da Leopoldina objetivava prioritariamente o transporte de cargas e só posteriormente foi planejada a circulação das composições mistas, de cargas e passageiros. De toda maneira, mesmo quando eventuais viajantes se aboletavam no meio dos produtos agrícolas para dirigirem-se a outra localidade, o transporte ferroviário já houvera modificado profundamente o modo de vida local.
Comparando as informações obtidas nos Relatórios da Presidência da Província de Minas Gerais e no Almanak Laemmert com os dados das Efemérides Mineiras de José Pedro Xavier da Veiga, temos o calendário a seguir.
8 de outubro de 1874 – inauguradas as estações Porto Novo (Além Paraíba), Pântano (depois Antônio Carlos, atual Fernando Lobo) e Volta Grande. A estação de São José, localizada entre a Porto Novo e a Pântano, só foi construída mais tarde, com o objetivo de desafogar a estação Porto Novo que era o ponto de ligação da Estrada de Ferro Pedro II com a Leopoldina.
10 de dezembro de 1874, inauguradas as estações São Luiz (Trimonte) e Providência.
1875 – início das operações na estação São Martinho e conclusão do assentamento dos trilhos até Santa Isabel (Abaíba)
25 de maio de 1876 – inaugurada a estação Santa Isabel (Abaíba)
entre junho e agosto de 1876 – inauguradas as estações Recreio e Campo Limpo (Ribeiro Junqueira)
02 de julho de 1877 – inauguradas as estações Vista Alegre e Leopoldina.
Dezembro de 1877 – inaugurada a estação Santa Rita (Cataguases). A estação de Aracati, localizada entre Vista Alegre e Cataguases, só foi construída mais tarde, tendo sido inaugurada a 21 de setembro de 1885.
O outro ramal registra as seguintes datas de inauguração, relativas a localidades com as quais a população do Arraial Novo (Recreio) mantinha mais freqüentes contatos:
26 de abril de 1883 – estação São Joaquim (Angaturama)
11 de maio de 1883 – estação Tapirussu (depois Aliança, atual Cisneiros)
09 de junho de 1883 – estação Palma
04 de dezembro de 1884 – estação Banco Verde
23 de março de 1885 – estação Morro Alto
26 de abril de 1883 – estação São Joaquim (Angaturama)

Antigos moradores de Recreio


Leopoldina, MG



Posted: 15 Mar 2012 07:26 AM PDT
Concluímos nossos comentários sobre os antigos moradores, referidos nos Mapas de População, com este membro da família Lacerda. Sua esposa é algumas vezes referida como Maria Teodora e em outras como Maria Vitória. O casal procedia da região de Bom Jardim de Minas.
Na propriedade denominada Taboleiro, vizinha de Manoel José de Novaes, Francisco da Silva Barbosa e da fazenda da Bocaina, Processo e Maria viveram com os filhos Generosa, Manoel, Maria, e Processo.
O nome deste morador é encontrado nos documentos eleitorais de 1851, 1872 e 1873, sempre vinculado ao então distrito de Conceição da Boa Vista. No Almanaque da Província de Minas Gerais de 1875, aparece como fazendeiro de café.
Posted: 14 Mar 2012 06:24 PM PDT
Foi na contagem populacional de 1838 que encontramos o sobrenome Novaes ou Navaes em terras do então Curato do Feijão Cru. Procedente de Bom Jardim de Minas, onde nasceu na última década do século XVIII, Manoel José de Novaes era filho de Domingos José de Novaes e de Genoveva Maria do Rosário, sendo neto paterno dos açorianos Antônio Dias Novaes e Ana de Ferres. Seus avós maternos foram Lázao Medeiros e Rosa Maria do Rosário.
No dia 22 de junho de 1808, na Ermida dos Lacerda, em Bom Jardim de Minas, foi celebrado o casamento de Manoel com Ana Francisca Garcia, filha de José Garcia e Maria do Rosário. Natural de Aiuruoca, Ana Francisca vem trazer para nossos estudos outra família que ocupou terras da região, já que os Garcia de Matos aí deixaram numerosa descendência.
Pelo Registro de Terras de 1856 soubemos que Manoel José de Novaes e Ana Francisca Garcia formaram o Sítio das Saudades, às margens do Pomba, tendo como vizinhos Mariana Pereira Duarte, Francisco da Silva Barbosa, Processo José Corrêa de Lacerda, Pedro Belarmino da Silva, Pedro Moreira de Souza, Francisco Martins de Andrade e Pedro de Oliveira. Acreditamos que a propriedade estivesse situada nas proximidades da atual divisa entre Recreio e Laranjal, dentro do distrito de São Joãquim, hoje Angaturama. Em 1878 a propriedade é citada como limítrofe ao então criado distrito de Campo Limpo.
Localizamos sete filhos de Manoel e Ana Francisca: Vicência, João, Sebastião, Antônio, Francisco, Pedro e Manoel. Mas de apenas três deles temos informações sobre descendentes.
Vicência Ferreira Neto casou-se com Francisco da Costa Muniz, filho de Manoel da Costa Muniz e Ana Joaquina. O fato de Vicência usar o sobrenome Ferreira Neto na idade adulta faz-nos suspeitar de ligação de parentesco com duas outras famílias que viveram na região: os Ferreira Brito e os Gonçalves Neto. Seus filhos foram Antonio da Costa Muniz que se casou com Antônia Porcina de Carvalho, Marciano, Maria, Filomena e Jovita.
Sebastião José de Novaes casou-se com Francisca Maria de Jesus com quem teve, pelo menos, os filhos José e Albina, nascidos em 1857 e 1859 respectivamente.
Pedro José de Novaes casou-se com Maria Tereza de Jesus, com que teve os filhos Manoel Bertoldo de Novaes e Maria Bárbara de Lacerda.  Segundo os documentos encontrados, a família de Pedro residia em Piacatuba por volta de 1882.

Março de 1899: crime em Conceição da Boa Vista


Leopoldina, MG



Posted: 12 Mar 2012 08:30 AM PDT
Na edição do dia 12 de março de 1899 do jornal O Arame, página 3, encontramos a divulgação de um telegrama enviado pelo sacristão de Conceição da Boa Vista para o Vigário, em Leopoldina, informando que o Padre Prudêncio fora envenenado e que teria sido pelo vinho na missa do dia.
Na edição seguinte, número 16 do dia 19 de março do mesmo ano, na página 2 encontra-se o relato do crime em coluna com o título Mostruoso Crime.
“Na ocasião da missa, tendo bebido o vinho, o Padre Prudencio sentiu-se mal; fazendo um esforço, conseguiu terminar o ofício divino, caindo nessa ocasião, com todos os sintomas de envenenamento.
Amparado por algumas pessoas presentes, foi chamado logo u medico – o Dr. Octaviano Costa – que não teve dificuldades em constatar o envenenamento pela estricnina, não só pelos simtomas que apresentavo o doente, como porque examinando o cálice, ainda encontrou parte da substância venenosa não dissolvida. 
Por alguma providencial circunstância, pela precipitação talvez, falhou a obra da perversidade. Socorrido com prontidão e energia, o digno sacerdote, depois de algumas horas de sofrimentos, foi considerado livre do perigo.
O Dr. Octaviano Costa – secundado por dois outros distintos clínicos, fez logo experiências com o tal vinho, procedendo a infeções em um coleho e um cachorro, sendo estes animais vitimados com os sintomas de envenenamento pela estricnina.
Segundo consta, em Conceição e Recreio a voz pública indigita claramente o nome do autor deste monstruoso crime, pessoa que – aliás – até aquela data gozava de alguma simpatia entre a população.
Quanto a nós, o que sabemos e que tem respondido no inquérito feito pelo digno sr. delegado de Polícia, o padre Cetrangulo, que até há pouco exercia o lugar de vigário daquela paróquia, do qual foi demitido pelo Revdmo. Pastor desta diocese.
Sabemos também que já tem deposto no inquérito algumas testemunhas, porém não nos consta que tenha sido expedida nenhuma ordem de prisão.
É o que podemos informar.”
A próxima e última notícia que encontramos sobre o episódio foi a do número 17 do mesmo jornal, edição do dia 30 de março de 1899:
“na noite do dia em que fora publicada a notícia acima, o padre Miguel Angelo Cetrangulo, alvo já da opinião pública que o apontava ocmo autor do repulsivo delito, e contra quem a autoridade policial já havia colhido provas no inquérito, tentou escapar-se planejando uma viagem à meia noite.
A autoridade policial, porém, estava alerta e quando o fugitivo ia a montar a calo, foi preso e recolhido à cadeia desta cidade, sendo contra ele lavrada ordem de prisão preventiva, concedida pelo digno Juiz Substituto”.
O que terá acontecido com o Padre Cetrangulo? Se alguém souber alguma coisa a respeito, por favor, escreva-nos.
Posted: 11 Mar 2012 02:22 PM PDT
Através dos Mapas de População descobrimos que, morando na região desde os anos de 1830, e genro de Felicíssimo Vital de Moraes, Lauriano José de Carvalho foi pai de

- Domingos Rodrigues de Carvalho
- Maria Rufina de Carvalho casada com Francisco Mendes do Vale Júnior
- Felicíssimo Rodrigues Carvalho casado com Rita Firmina Machado de Almeida
Além destes, teve as filhas Ana, Rita e Joaquim, nascidos entre 1834 e 1841, dos quais não temos referências posteriores.
Segundo escritura de compra e venda de imóveis, soubemos que em 1887 transferiu-se para Itapiruçu com sua esposa, Ana Maria ou Marta de São Joaquim e os filhos. Deixou descendentes também em Angaturama.

Os Melido


Leopoldina, MG



Posted: 10 Mar 2012 02:35 PM PST
No momento em que estamos falando das antigas famílias de Recreio, tivemos o prazer de receber um presente de Pedro Dorigo, que está organizando uma exposição fotográfica na cidade. Entre as antigas imagens que  gentilmente nos ofereceu, encontra-se a fotografia abaixo, do imóvel conhecido como Casarão dos Melido
Diz-nos Pedro Dorigo que a fotografia foi feita provavelmente em torno de 1944, retratanto o casarão construído nas últimas décadas de 1800, por um dos patriarcas de Recreio: Sr. Francisco Ferreira Brito Netto. O que nos leva de volta à família Ferreira Brito para lembrar que Francisco Melido casou-se com Ana Ferreira, filha de Antônio Eleotério Ferreira Neto e Tereza Flauzina Ferreira Brito, sendo neta materna de Ignacio Ferreira Brito e Mariana Ozória de Almeida. Acrescentamos que a esposa de Francisco Melido também descendia dos Ferreira Brito pelo lado paterno, sendo bisneta de Joaquim Ferreira Brito, tio-avô de Ignacio Ferreira Brito.
Sabemos ainda que dois familiares de Francisco Melido eram negociantes em Conceição da Boa Vista na época em que se deu a formação do Arraial Novo. Em agosto de 1883, Rafael Antonio Melido liquidou dívidas com a firma Silvestre Melido & Leoncio Fortunato através da transferência de créditos que detinha junto a Samuel Ferreira de Mattos, José Amâncio de Moraes e Manoel Querino de Moraes. Através de outros documentos registrados no Cartório de Conceição da Boa Vista, soubemos que o primeiro nome da firma referia-se a Francisco Silvestre Melido, homem de negócios que algumas vezes atuou como procurador de moradores de Recreio junto à justiça da Corte, ou seja, no Rio de Janeiro.
Pelo que se depreende da análise do livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista, relativo aos anos de 1883 e 1884, os Melido eram "Financistas", qualificação profissional daqueles que emprestavam dinheiro a juros. Provavelmente, além da filha de Ignacio Ferreira Brito serão encontrados outros casamentos ligando a família deste pioneiro aos Melido. No momento, porém, restringimos nossos comentários em torno da hipótese do imóvel conhecido como Casarão dos Melido ter passado para esta família como fruto de herança de descendentes de Ignacio Ferreira Brito.

João Batista de Paula Almeida


Leopoldina, MG



Posted: 09 Mar 2012 07:20 PM PST
Com o objetivo de falar dos antigos moradores de Conceição da Boa Vista, trazemos mais um nome encontrado nos Mapas de População. Aproveitamos para responder à consulta de um visitante a respeito destas listagens nominais de habitantes. Esclarecemos que os chamados "maços de população" foram implantados por ordem do Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII, para fins de arrecadação de impostos e alistamento militar.
Em 1832 João Baptista de Paula Almeida comprou, de Pedro Teixeira de Carvalho, 200 alqueires de terras no lugar denominado Monte Alegre. Unidas à propriedade que herdou de seus pais, formou a Fazenda do Monte Alegre que fazia divisa com Francisco José de Freitas Lima, com a Fazenda do Recreio, com Francisco da Silva Barboza, com Manoel Ferreira Britto e com as terras dos Mendes.