Uma releitura de História da Vida Privada, na França, trouxe à lembrança dois autores que valorizam as histórias de família como instrumentos de educação e cidadania.
Georg Sand, aclamada escritora francesa do século XIX, em História de Minha Vida conclama as classes populares a seguirem-lhe o exemplo, registrando suas histórias pessoais. Justificou dizendo que "o povo tem ancestrais tanto quanto os reis" e que a transmissão de informações sobre os antepassados seria uma forma de ampliar a visão de mundo das gerações subsequentes.
Já para Condorcet, grande pensador francês do final do século anterior, o aperfeiçoamento humano pode ser alcançado pela educação. Segundo ele, registrar a trajetória da própria família é um momento rico em reflexões e por esta razão defendia que fossem escritas as histórias da massa e não mais apenas das elites.
Estas posições parecem combinar com algumas mensagens que temos recebido dos leitores, a partir do momento em que divulgamos a atualização das genealogias de famílias povoadoras de Leopoldina. Uma delas declara que não imaginava ter raízes tão profundas no município e que não sabia nem mesmo os nomes de seus bisavós. Um outro leitor, que também manifesta satisfação com a descoberta, pede-nos que escreva a história de sua família.
Queremos publicamente dizer a estes leitores, como a todos os outros, que é uma satisfação saber que nosso trabalho foi útil. Entretanto, da mesma forma como utilizamos o levantamento de dados familiares para compreender aspectos variados da vida em Leopoldina, acreditamos que cada um possa se basear na composição de seus grupos para buscar outras informações, contextualizar fatos isolados e reconhecer-se como parte de uma sociedade mais ampla, para além de seus parentes próximos.
Nem todos podem se dedicar à busca de dados para começar a escrever. Contudo, ainda que nosso trabalho não seja tão extensivo quanto gostaríamos, esperamos que as informações básicas que recolhemos e publicamos sirvam de incentivo para que cada um escreva o próprio relato.