Belmiro Braga, um escritor à beira do Caminho Novo


Após o intervalo para almoço, a professora Leila Barbosa apresentou um histórico sobre Belmiro Braga, resultado de um trabalho realizado em conjunto com Marisa Timponi, que teve como objetivo resgatar a memória do escritor, um timoneiro da Academia Mineira de Letras.

A opção da palestrante foi pela abordagem de Belmiro Braga como o poeta da beira do Caminho Novo. Inicialmente falou sobre o nascimento do poeta na cidade que hoje leva o seu nome, e que tem origem na Fazenda Boa Vista, à margem do Caminho Novo, no primeiro trecho em que adentra as Minas Gerais.

 Foram apresentadas algumas obras do escritor, todas falando em caminho, em variados sentidos. No decorrer da palestra, outras informações sobre o poeta foram sendo inseridas, como a rápida trajetória escolar em Juiz de Fora e a passagem por Muriaé e Tombos do Carangola.

Uma das curiosidades sobre a vida do escritor foi o fato de comprar os livros e desmanchá-los para que fizessem menos volume e os capítulos pudessem ser levados ao ambiente de trabalho, sem chamar a atenção do patrão. 

Sempre ressaltando a verve satírica do escritor, uma fina ironia que se tornou conhecida com a volta para Juiz de Fora, quando começou a publicar seus escritos nos jornais O Pharol e Correio de Minas, Leila Barbosa informou que a obra de Belmiro Braga é múltipla, com textos em versos, em prosa e peças teatrais. 

Na literatura como na crítica, disse Leila, o caminho não é apenas o lugar por onde as pessoas passam. Tem um valor simbólico e toda a vida de Belmiro Braga pode ser comparada a um caminho, ou uma caminhada poética e ideológica. Quando ele fala da estrada da vida, usa linguagem metafórica para marcar seu lugar no mundo. 

Foi lembrado também que o trem, um meio de transporte muito querido pelos mineiros, foi mencionado pelo poeta em alguns escritos. Detendo-se na ironia em Belmiro Braga, foi destacada a diferença em relação à ironia de outros literatos, como no trecho em que ele escreve que Mar de Espanha é um mar que nunca tem peixe nem água. Ou quando escreve o que seria uma espécie de testamento, definindo como quer que seja seu sepultamento.

A palestra de Leila Barbosa nos fez refletir sobre o personagem Belmiro Braga, ligado por nascimento ao Caminho Novo e que usou figuras de linguagem sobre caminhos em diversas poesias que foram lidas.