A segunda palestra do dia 19 de agosto ficou a cargo de Francisco Rodrigues de Oliveira.
Foi apresentada cartografia do
Caminho Velho e Novo e explicado que o Velho era vulnerável no trecho marítimo do
Rio até Parati, frequentado por piratas. Além disso, o percurso total consumia
até três meses de deslocamento, enquanto pelo Caminho Novo era possível ir do
Rio a Vila Rica em um mês.
Mapa da Estrada Imperial
Acervo do Arquivo Público Mineiro
Demonstrando que, no início de cada
um, havia uma boa distância a separá-los, ressaltou que ao entrar em Minas as duas vias iam
se aproximando até se unirem na altura de Conselheiro Lafaiete. Na parte
inferior da Serra da Mantiqueira a mata era fechada. Já no Campo das Vertentes,
região que abrange São João del Rei e Barbacena, só existia mata nas margens
dos rios, as chamadas matas ciliares. As demais áreas do campo eram cobertas
por vegetação rasteira, com árvores esparsas.
Esta condição lhe parece ter
favorecido o surgimento de várias trilhas, anteriores à abertura dos Caminhos
Velho e Novo, resultando em que ambos tenham sido, na verdade, o alargamento de
vias já existentes. Ressaltou que o índio, por não conhecer o cavalo, teria
aberto trilhas bem estreitas. Advindo a necessidade de transporte de carga, em
lombo de animais, tornou-se imperioso transformar aquelas picadas em passagens
que permitissem o trânsito de um animal com cargas dispostas dos dois lados.
Citou os viajantes estrangeiros
que passaram pela região nos séculos XVIII e XIX, buscando responder a
curiosidade dos europeus. A partir da vinda da Família Real Portuguesa em 1808,
surgiram as expedições científicas, com objetivos mais específicos.
Outros mapas foram apresentados.
Um deles, do final do século XIX, com as condições geológicas de Minas. Em
seguida um mais recente, já contando com a tecnologia da fotografia aérea.
A imagem de um rancho despertou
curiosidade na plateia, sendo explicado que era uma cobertura de sapé sobre
quatro esteios que servia para abrigar os viajantes. Os estrangeiros reclamavam
do desconforto e dos bichos de pé e carrapatos, além do hábito dos tropeiros de
cantarem durante a noite inteira depois de passarem o dia todo trabalhando duro.
Francisco Rodrigues de Oliveira
explicou também que o proprietário construía o rancho a pequena distância de
sua casa, onde só se hospedavam as autoridades que por ali passassem. Para os
demais, que ficavam debaixo daquela cobertura, nada era cobrado pela estadia,
mas pela venda de alimentos, especialmente o milho para os animais.
Em seguida discorreu sobre a
forma como eram desenhados os mapas no final do século XIX. Chamada
triangulação, consistia em alcançar um determinado ponto elevado que permitisse
a visualização de outro ponto de mesma altitude. Medindo-se a distância entre
os dois pontos, através de um aparelho de medição de ângulos era possível
completar o terceiro lado do triângulo. Fazia-se, então, um levantamento de
detalhes da área medida. De cada triângulo composto partia-se para suas
interseções.
Foi citada a Várzea do Marçal,
localidade próxima a São João del Rei, que foi o ponto de início da medição
naquela região. E explicando como o trabalho era realizado, Francisco Rodrigues
de Oliveira destacou que os encarregados da operação eram engenheiros dos quais
se exigia também boa capacidade de expressão gráfica para registrar em papel os
componentes encontrados. Além disso, havia uma turma para fazer a medição
linear entre dois pontos e outra turma fazendo a mesma medição no caminho
inverso, tirando-se a média dos dois resultados encontrados.
Além de Cunha Matos, o
cronometrista do Caminho Novo, Francisco Rodrigues de Oliveira mencionou em sua
palestra os viajantes Antonil, Tavares de Brito, Costa Matoso, Saint Hilaire, Langsdorff e Richard Burton, personagens que
passaram pela região e com suas descrições contribuíram para que as informações
chegassem até nós.