Francisco Rodrigues de Oliveira descreveu o Caminho Novo na ‘zona do campo’, iniciando pela explicação de que Barbacena representa o limite entre o campo e a mata. A zona da mata estende-se até o sopé da serra, começando aí a rarear na medida em que aumenta a altitude. Este limite natural entre os dois espaços não corresponde rigorosamente à divisão oficial entre os atuais municípios da região.
Oliveira lembrou que, para os viajantes estrangeiros, o ‘campo representa um refresco’ após a penosa travessia da mata fechada, geralmente durante o dia inteiro. Quando os viajantes começavam a sair da mata Atlântica e viam o campo descortinar-se à frente, sentiam-se mais animados com a perspectiva de um ambiente menos inóspito, com temperatura mais fria. A viagem, a partir daí, rendia mais.
O professor chamou a atenção para alguns aspectos da história de Barbacena. Além de ter descrito rapidamente o período que vai de sua fundação até a elevação à categoria de Vila em 1791, lembrou que a então localidade denominada Borda do Campo nasceu do Caminho Novo, ou seja, foi a reorganização desta rota de acesso para a zona da mineração que criou as condições para o desenvolvimento do povoado.
A Fazenda do Registro foi citada como pólo de desenvolvimento inicial, uma vez que ali foram sendo agregados os equipamentos necessários aos viajantes, quer seja no sentido de reabastecimento dos viajantes para prosseguirem viagem, quer seja na obrigatoriedade de pararem para cumprimento das obrigações fiscais. O local, hoje conhecido como Registro Velho, deixou de funcionar como posto de fiscalização por volta de 1790.
E aqui entra uma conversa paralela, ocorrida no momento em que Oliveira falou do Registro Velho. Trata-se da definição do período em que a fiscalização teria sido transferida para o ‘Registro do Caminho Novo’, então localizado em Matias Barbosa. Um dos ouvintes informou que o novo registro teria começado a funcionar em 1790, data compatível com informação obtida oralmente na Biblioteca Nacional, por ocasião de pesquisa realizada naquela instituição em conjunto de documentos denominado Abecedário do Caminho Novo.
Infelizmente o Encontro de Pesquisadores de História e Geografia do Caminho Novo da Estrada Real não contou com a presença de Roney Fabiano Alves, de Matias Barbosa, profundo conhecedor da história local, com destaque para o funcionamento do Registro dito Novo. Alves falaria sobre O Caminho Novo em Simão Pereira, abordando o trecho que da margem esquerda do Paraíba do Sul inicia a trajetória pela terra mineira, indo até o território onde mais tarde nasceria o povoado de Santo Antônio do Paraibuna, hoje o município de Juiz de Fora. Infelizmente, também, Antônio Henrique Lacerda, que falaria sobre o trecho entre Juiz de Fora e Ewbanck da Câmara, não pode comparecer em função de compromissos de última hora.
Voltando a Oliveira, sua comunicação abordou as características topográficas da Borda do Campo que representam um divisor em relação à mata, com o terreno tornando-se mais plano. Ressaltou que, diferentemente da região anterior, no campo os núcleos habitados ficavam mais distantes uns dos outros. Outra característica destacada foi a possibilidade de desenvolver plantações na área do campo, bem como obter pastagens para a criação de gado. Este aspecto também mereceu comentário na platéia, no sentido de que a agricultura teria sido um atrativo a fixar moradores no local, reiterando o que havia sido dito mais cedo por Francisco Andrade a respeito do movimento comercial ter sido o grande propulsor para a ocupação das margens do Caminho Novo.
Oliveira informou que, em consequência da topografia diferente da mata, no campo era mais fácil promover deslocamentos do caminho para terreno mais favorável, quando a trilha conhecida se tornasse inviável por fenômenos naturais ou desgaste pelo uso. A seguir apresentou trechos de um mapa do final do século XIX, executado já com recursos tecnológicos mais adequados ao objetivo de registrar as características físicas de uma região. Através do slide, os presentes puderam visualizar a Serra da Mantiqueira, os cursos d’água correndo para oeste e noroeste e parte da bacia do rio Paraibuna.
Foram destacados os diversos caminhos então existentes, chamando a atenção para a Estrada de Ferro que seguiu uma das variantes do Caminho Novo para transpor a serra. Outra ‘subida’ era a que foi utilizada no prolongamento da Estrada União Indústria, no século seguinte. Atualmente a BR 040 representa uma terceira via de passagem por aquele trecho.
O Professor Francisco abordou, também, as alternativas utilizadas para superar os obstáculos naturais, com destaque para os cursos d’água. Lembrou que geralmente existe uma ‘garganta’ próximo aos picos de morros e estas áreas de depressão eram procuradas como alternativa de passagem, especialmente no entorno das nascentes de rios, por permitirem transposição mais fácil.
Francisco Rodrigues de Oliveira atuou como professor na Universidade Federal de Viçosa e na UNIPAC, em Barbacena. É membro da Associação Cultural do Arquivo Histórico Municipal Professor Altair José Savassi – ACAHMPAS, entidade que se uniu ao Centro de Memória Belisário Pena para a promoção do Encontro. Na década de 1990, quando percorria arquivos públicos e privados de Barbacena, realizou levantamentos que lhe permitiram escrever alguns trabalhos. Entre eles, o perfil biográfico de seu pai, Godofredo Rodrigues de Oliveira. Outro trabalho é o livro História da Construção da Estrada de Barbacena a Ibertioga, publicado em 2002.
O autor voltará a ser mencionado nesta série de textos, já que após o Encontro fizemos uma visita a Ibertioga, constatando in loco várias das informações divulgadas durante o evento.
Oliveira lembrou que, para os viajantes estrangeiros, o ‘campo representa um refresco’ após a penosa travessia da mata fechada, geralmente durante o dia inteiro. Quando os viajantes começavam a sair da mata Atlântica e viam o campo descortinar-se à frente, sentiam-se mais animados com a perspectiva de um ambiente menos inóspito, com temperatura mais fria. A viagem, a partir daí, rendia mais.
O professor chamou a atenção para alguns aspectos da história de Barbacena. Além de ter descrito rapidamente o período que vai de sua fundação até a elevação à categoria de Vila em 1791, lembrou que a então localidade denominada Borda do Campo nasceu do Caminho Novo, ou seja, foi a reorganização desta rota de acesso para a zona da mineração que criou as condições para o desenvolvimento do povoado.
A Fazenda do Registro foi citada como pólo de desenvolvimento inicial, uma vez que ali foram sendo agregados os equipamentos necessários aos viajantes, quer seja no sentido de reabastecimento dos viajantes para prosseguirem viagem, quer seja na obrigatoriedade de pararem para cumprimento das obrigações fiscais. O local, hoje conhecido como Registro Velho, deixou de funcionar como posto de fiscalização por volta de 1790.
E aqui entra uma conversa paralela, ocorrida no momento em que Oliveira falou do Registro Velho. Trata-se da definição do período em que a fiscalização teria sido transferida para o ‘Registro do Caminho Novo’, então localizado em Matias Barbosa. Um dos ouvintes informou que o novo registro teria começado a funcionar em 1790, data compatível com informação obtida oralmente na Biblioteca Nacional, por ocasião de pesquisa realizada naquela instituição em conjunto de documentos denominado Abecedário do Caminho Novo.
Infelizmente o Encontro de Pesquisadores de História e Geografia do Caminho Novo da Estrada Real não contou com a presença de Roney Fabiano Alves, de Matias Barbosa, profundo conhecedor da história local, com destaque para o funcionamento do Registro dito Novo. Alves falaria sobre O Caminho Novo em Simão Pereira, abordando o trecho que da margem esquerda do Paraíba do Sul inicia a trajetória pela terra mineira, indo até o território onde mais tarde nasceria o povoado de Santo Antônio do Paraibuna, hoje o município de Juiz de Fora. Infelizmente, também, Antônio Henrique Lacerda, que falaria sobre o trecho entre Juiz de Fora e Ewbanck da Câmara, não pode comparecer em função de compromissos de última hora.
Voltando a Oliveira, sua comunicação abordou as características topográficas da Borda do Campo que representam um divisor em relação à mata, com o terreno tornando-se mais plano. Ressaltou que, diferentemente da região anterior, no campo os núcleos habitados ficavam mais distantes uns dos outros. Outra característica destacada foi a possibilidade de desenvolver plantações na área do campo, bem como obter pastagens para a criação de gado. Este aspecto também mereceu comentário na platéia, no sentido de que a agricultura teria sido um atrativo a fixar moradores no local, reiterando o que havia sido dito mais cedo por Francisco Andrade a respeito do movimento comercial ter sido o grande propulsor para a ocupação das margens do Caminho Novo.
Oliveira informou que, em consequência da topografia diferente da mata, no campo era mais fácil promover deslocamentos do caminho para terreno mais favorável, quando a trilha conhecida se tornasse inviável por fenômenos naturais ou desgaste pelo uso. A seguir apresentou trechos de um mapa do final do século XIX, executado já com recursos tecnológicos mais adequados ao objetivo de registrar as características físicas de uma região. Através do slide, os presentes puderam visualizar a Serra da Mantiqueira, os cursos d’água correndo para oeste e noroeste e parte da bacia do rio Paraibuna.
Foram destacados os diversos caminhos então existentes, chamando a atenção para a Estrada de Ferro que seguiu uma das variantes do Caminho Novo para transpor a serra. Outra ‘subida’ era a que foi utilizada no prolongamento da Estrada União Indústria, no século seguinte. Atualmente a BR 040 representa uma terceira via de passagem por aquele trecho.
O Professor Francisco abordou, também, as alternativas utilizadas para superar os obstáculos naturais, com destaque para os cursos d’água. Lembrou que geralmente existe uma ‘garganta’ próximo aos picos de morros e estas áreas de depressão eram procuradas como alternativa de passagem, especialmente no entorno das nascentes de rios, por permitirem transposição mais fácil.
Francisco Rodrigues de Oliveira atuou como professor na Universidade Federal de Viçosa e na UNIPAC, em Barbacena. É membro da Associação Cultural do Arquivo Histórico Municipal Professor Altair José Savassi – ACAHMPAS, entidade que se uniu ao Centro de Memória Belisário Pena para a promoção do Encontro. Na década de 1990, quando percorria arquivos públicos e privados de Barbacena, realizou levantamentos que lhe permitiram escrever alguns trabalhos. Entre eles, o perfil biográfico de seu pai, Godofredo Rodrigues de Oliveira. Outro trabalho é o livro História da Construção da Estrada de Barbacena a Ibertioga, publicado em 2002.
O autor voltará a ser mencionado nesta série de textos, já que após o Encontro fizemos uma visita a Ibertioga, constatando in loco várias das informações divulgadas durante o evento.