Ensino Agrícola Ambulante

Ao lado de informações sobre os núcleos coloniais, as mensagens do Ministério de Agricultura mencionavam a orientação para implantação e manutenção de cursos práticos. Em 1911, por exemplo, um dos anexos à fala do Ministro Pedro de Toledo tratava dos cursos ambulantes, que substituiriam os cursos regulares em estabelecimentos de ensino agrícola. Considerava-se que nem sempre o homem do campo podia frequentar as escolas regulares e por este motivo tinha sido criada a função pública de “professor ambulante”.

Acrescenta o relator que tais mestres não se limitavam ao ensinamentos práticos mas atuavam como propagandistas, entre os lavradores,
da creação de syndicatos e cooperativas, com o fim de unil-os pelo interesse de defender a producção e facilitar-lhes a vida.

Entre 1910 e 1912 tinham sido organizados mapas das regiões em que deveriam operar os professores ambulantes, definindo as zonas onde deveriam trabalhar. Para Leopoldina foi designado o professor Arthur da Cunha Barros, tido pelo ministro como de reconhecida competência e capacidade técnica. No relatório seguinte, Pedro de Toledo informou que em Leopoldina funcionava um dos quatro Cursos Ambulantes existentes em Minas Gerais. A cargo do professor Arthur da Cunha Barros, era especializado em “Agricultura Geral e Laticínios”, sendo mantido pela União.

Em sua justificativa, disse o ministro:

Attendendo à grande producçào de lacticinios da zona, a attenção do professor se tem voltado para essa especialidade, organizando um serviço permanente de inspecção aos diversos estabelecimentos industriaes desse e dos municipios circumvizinhos, que, já modernamente apparelhados, possuem bem montadas leiterias, nas quaes se transformam diariamente 30.000 litros de leite em diversos productos de facil vendagem.
O gado da região é abundante e muito melhorado pelo cruzamento de raças puras importadas, havendo nove banheiros para expurgo do gado no municipio de [...] de Leopoldina.
O curso de lacticinios é ministrado em palestras nas fabricas montando-se e desmontando-se apparelhos, manipulando-se queijos e manteiga e tratando-se da conservação do leite para exportação, explicações que se extendem aos centros productores dos arredores.


Não nos foi possível confirmar a presença deste professor entre os lavradores da Colônia Agrícola da Constança, embora um descendente tenha informado que seu avô fora ajudante do “professor da leiteria”. Ocorre que a história oficial de Leopoldina registra estabelecimento do gênero como sendo particular, bem como o seria a cooperativa. Donde não se sabe se a informação do entrevistado referia-se à Cooperativa de Produtores de Leite de Leopoldina, empresa particular, ou à “sede do um curso ambulante de lacticinios em Leopoldina, no Estado de Minas Geraes”, instituição pública mencionada pelo Ministro da Agricultura.

De todo modo, o ministro Queiroz Vieira declarou, em 1913, que o professor Arthur da Cunha Barros continuava em Leopoldina, sendo auxiliado pelo Mestre de Industrias Rurais Eugenio de Alvarenga Paixão e pelo Instrutor Agrícola Octaviano Costa. E acrescentou que no ano de 1914 funcionariam 12 cursos no Brasil e que além dos 12 professores o Ministério empregava 5 Mestres de Indústrias Rurais e contratava 13 Instrutores Agrícolas.

Observa-se, assim, que Leopoldina inscrevia-se entre os mais importantes núcleos para o desenvolvimento da agricultura, sediando uma região que se estendia até Cantagalo e Barra Mansa, no estado do Rio, além de Cataguases e Palma.

Destacamos ainda uma informação do ministro Queiroz Vieira, dando conta de que na Leiteria Leopoldinense foram feitas várias experiências de fabrico de queijo e manteiga, obtendo-se resultados muito satisfatórios. Esta referência parece corroborar o informe de nosso entrevistado a respeito de uma “leiteria” pública, onde filhos de colonos atuavam como ajudantes.